Sophie quer se casa com Sky, mas quando acha o diário adolescente de sua mãe, Donna, descobre que pode finalmente encontrar o pai que nunca conheceu. O problema é: há a possibilidade que seu pai seja tanto Harry, quanto Sam ou Bill. Para que o mistério seja resolvido, com a esperança de que o reconheça ao se encontrarem, Sophie convida os três para seu casamento, que será realizado exatamente onde sua mãe conheceu cada um dos três, cerca de 20 anos atrás: um antigo hotel em uma ilha grega, onde as duas moram, cenário de inúmeras histórias de amor.
É com essa história que a autora Catherine Johnson e a diretora Phyllida Lloyd, fãs do grupo Abba, conseguiram fazer com que nada menos que vinte e três músicas do repertório da banda se encaixassem em uma única trama. O trabalhoso estudo e composição de personagens levou a dupla a conseguir elaborar um tipo de musical que muitos tentaram, mas poucos conseguiram.
Juntar hits de sucesso em uma história que faça sentido, seja vendável e conquiste o público é de fato algo admirável e seu reconhecimento não remorou a vir. Assim, “Mamma, Mia!” estreou em Londres e Nova York e a satisfação de seu grande público fez com que a história fosse parar nos cinemas. Aproveitando a volta dos musicais à Hollywood nos anos 2000, não havia muitas dúvidas de que uma trama familiar muito bem-sucedida no teatro contasse com grande potencial para repetir seu sucesso em uma versão para as telonas – ainda mais se estrelada por Meryl Streep.
Apesar de a camaleônica e adorada atriz nunca ter sido vista cantando antes, ela aceitou o desafio e provou mais uma vez que não tem tempo ruim. Na pele de Donna, Meryl parece ainda mais jovem ao fazer a mãe solteira, porém sempre otimista, dona de um hotel cheio de problemas. Amanda Seyfried, atriz ainda revelação na época, é a perfeita Sophie, acompanhada de um quase desconhecido (mas sempre charmoso) Dominic Cooper como Sky. O trio paternal é composto por Colin Firth, Pierce Brosnan e Stellan Skarsgård, veteranos que cumprem o quesito “mais diversificado impossível”, necessário para a trama e seus respectivos papéis. Para as melhores amigas de Donna, Rosie e Tanya, foram escolhidas as anglo-americanas Julie Walters e Christine Baranski, feras da comédia.
Enquanto no filme, também dirigido por Phyllida Lloyd, somos contemplados com locações gregas de tirar o fôlego, no teatro a paisagem não tem como ser a mesma. A escolha da direção de arte, então, foi reduzir o cenário a um piso que imita pedras e um pedaço de parede com uma janela e uma escada que se movimenta, adaptando-se a cada cena. A simplicidade pode ser melhor que projeções digitais ou um painel que pouco se passe pela Grécia, mas também decepciona quem espera – ou está acostumado – com um cenário como o de outras grandes produções da Broadway.
Para compensar este aspecto super básico, que anda junto com um figurino leve em que se predomina o branco e o azul, elaborados números de dança criados pelo coreógrafo Anthony Van Laast agitam a história e dão mais vida às animadas canções. Entre diversos desses momentos se destacam “Dancing Queen”, “Money, Money, Money”, “Does Your Mother Know” e “Voule-Vous”. São essas cenas divertidas, pontilhadas com canções realmente emocionantes como “Thank You For The Music” e “Slipping Through My Finbgers”, que fazem de Donna, Sophie e toda a trama tão encantadoras e envolventes.
Intercalada por uma história fofa e divertida, é a trilha sonora que faz de “Mamma, Mia!” um dos musicais mais famosos e vistos do mundo. Sabendo disso desde o início, suas autoras tiveram a perspicácia de adicionar um número especial após a finalização da trama. Tanto na peça quanto no filme, todos os personagens se reúnem com um figurino especialmente brilhante a la anos 1980 para cantar e dançar ao som da música “Waterloo”, fazendo assim com que os espectadores do filme – e da peça – se despeçam da história com o astral maior do que nunca. O musical perfeito para se assistir com a família.
Artigo redigido por Maiara Tissi, ex-colunista do Cine Splendor.